Do aconchego ao abandono.

Acho que perdi a habilidade de escrever textos, só penso em poemas, amor, sentimentos... essas bobagens que tiram os pés do chão, faz a cabeça flutuar, o estomago borbulhar e uma sensação de abandono, mas de estar abandonado em um lugar aconchegante, até te convidaria pra entrar, mas se não for pra ficar é melhor sentarmos na praça ali na frente, de lá da pra ver a lua, as estrelas, os transeuntes e conversarmos, jogarmos fora nosso tempo e carência, depois podes partir.
De dentro do meu refugio observo-te partir, e fico aqui no aconchego do meu canto pensando em ti, em nós, e sem que eu perceba meu fiel companheiro já está bem aconchegado do meu lado, o abandono. Até gosto, porque posso reclamar, cantar, sorrir, chorar ou simplesmente ficar mudo, não vai fazer diferença alguma, bem diferente do barulho que o seu silêncio faz dentro do meu peito, e do vazio que a sua ausência deixa pairando no ar, que já não mais se enche com seu perfume, seu brilho, sua aura. Acho que vou tomar um café, pra ver se aquece a minha fé, de que um dia sairemos desse impasse de preferirmos o aconchego do abandono ao cafuné, carinho e sono.
Como um pombo solitário aqui na gaiola de meu peito pulsa um coração meio surrado, meio cansado, mas que só de sentir o cheiro do amor se renova, como quando a fênix que renasce das cinzas. Acho que esse pobre coitado nunca vai desistir da sua missão, quisera eu não ter sucumbido ao ego, e ter feito o coitado passar por poucas e boas. Hoje o reflexo dessa imaturidade é o que nos faz sofrer, o ego por se sentir só e incompreendido, e o coração por ter que pagar a conta sem nem ao menos ter chamado o garçom. Alma, querida Alma, venha e acalenta esse coração, acalma essa mente, com sua infinta sabedoria, envie mensagens ao cosmos, a via láctea, espalha por toda galáxia, até que encontre, até que ache a sua gêmea que transborde esse cálice. E que para esse encontro nunca seja tarde.

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